Durante o governo Vargas, a industrialização progrediu, as cidades cresceram, o Estado tornou-se forte e interferiu na economia. Também foi instaurada uma nova relação com os trabalhadores urbanos.
Vargas era capaz de levar multidões às ruas apenas para vê-lo passar. Nesse período, Getulio soube manipular os meios de comunicação da época e, consequentemente, a população.
Governo Provisório (1930-1934)
Ao assumir o poder, Vargas suspendeu a Constituição de 1891, fechou o Congresso e as Assembleias Estaduais. O Brasil passou a viver numa ditadura.
Apesar de a sociedade estar mais complexa, o grupo que subiu ao poder representava a burguesia industrial, a classe média e os exportadores gaúchos.
Vargas, muito habilidoso, colocou-se como um árbitro da situação. Assim pôde reforçar sua posição e fortalecer seu poder. Adotou o populismo. Isso significa dizer que as concessões feitas ao povo obedeciam a um limite aceitável para as próprias elites. No entanto, o governo criou vários direitos trabalhistas. Com isso, Vargas queria que os sindicatos transformassem o povo numa força de cooperação com o Estado.
INDUSTRIALIZAÇÃO
No Governo Provisório, dois processos foram muito importantes para a economia brasileira: a política de valorização do café e a industrialização.
Como a economia do Brasil era principalmente agrária – dependia do café –, algo tinha de ser feito para recuperar o setor. A solução encontrada pelo governo foi queimar café. Dessa forma, não permitia que os estoques ficassem altos. Isso fez com que os cafeicultores mantivessem a mesma produção e o setor foi se recuperando.
A existência de um parque industrial que já apresentava certa diversificação impulsionou a industrialização.
Com a indústria crescendo, toda a economia ia bem.
Como as importações tinham diminuído muito por causa dos altos preços, as indústrias brasileiras começaram a fabricar aqui o que não podia ser importado. A industrialização nacional veio com toda a força para substituir as importações.
Não havia uma política voltada para a industrialização e a concorrência com os produtos importados na industrialização do Brasil era irreversível; portanto, era necessário usar a capacidade de produzir.
A CONSTITUIÇÃO DE 1934
Em maio de 1933, foi eleita a Assembleia Constituinte. Essa eleição foi democrática, já que o voto foi secreto. As mulheres puderam participar e criou-se a Justiça Eleitoral para fiscalizar as eleições.
A Constituição de 1934 foi a mais democrática do Brasil. Entre outras coisas, previa que o presidente seria eleito por voto popular e direto para um período de quatro anos. Foi uma mistura de várias tendências políticas, já que sua legislação privilegiava tanto a burguesia quanto os trabalhadores.
Com ela surgiu o salário mínimo, a proibição do trabalho para menores de 14 anos, férias anuais remuneradas e o direito de voto às mulheres.
Getulio Vargas foi eleito pelo Congresso para ser o presidente pelos próximos quatro anos.
O Governo Provisório chega ao fim.
Governo Constitucional (1934-1937)
Durante a década de 1930, os choques entre direita e esquerda intensificaram-se no mundo todo. No Brasil não foi diferente. Esse choque se deu entre a Ação Integralista Brasileira – de origem nazifascista, cujo líder era Plínio Salgado – e a Aliança Nacional Libertadora (ANL), de caráter social-comunista e chefiada por Luís Carlos Prestes. Os integralistas queriam um governo autoritário, de um só partido e a sociedade militarizada. A ANL defendia um governo popular, o cancelamento da dívida externa e a nacionalização das empresas.
Em julho de 1935, a ANL foi fechada e declarada ilegal. O que sobrou da ANL ficou nas mãos dos militantes comunistas, que organizaram um levante: a Intentona Comunista, em novembro de 1935.
Os rebeldes logo se renderam.
Vargas, habilidoso, conseguiu o apoio dos cafeicultores, burgueses e até da classe média. Ele se dizia o protetor do Brasil contra o perigo comunista. Para isso, foi criado o Plano Cohen.
O surgimento de governos totalitários na Europa, nazismo e fascismo, tiveram repercussão no Brasil, originando o integralismo. Comandado por Plínio Salgado, tinha como lema “Deus, Pátria e Família” e usava o símbolo sigma do alfabeto grego. Eles foram os responsáveis indiretos pelo golpe de 1937.
O Exército divulgou que teria descoberto um plano dos comunistas para tomar o poder. Eles iriam incendiar igrejas, invadir fábricas e matar líderes políticos. Sendo assim, Vargas decidiu fechar o Congresso, suspender a Constituição de 1934 e publicar uma nova, que determinava que ele seria o presidente pelos próximos oito anos, o que deu início ao Estado Novo.
O Estado Novo (1937-1945)
Vargas manteve-se no poder por causa do apoio que recebeu. O Estado Novo baseava-se na Constituição de 1937, que previa amplos poderes para o presidente. Os partidos desapareceram e, em 1938, os integralistas tentaram um golpe que ficou conhecido como Intentona Integralista. Em poucas horas, o governo sufocou a rebelião, prendendo seus líderes. O Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) censurava os jornais e promovia manifestações a favor da ditadura.
Vargas criou a CLT – Consolidação das Leis do Trabalho –, que concedia vários benefícios aos trabalhadores. O Estado passou a intervir diretamente na economia.
O presidente criou, também, a Companhia Siderúrgica Nacional e a Vale do Rio Doce. Em 1944, o Brasil participou da Segunda Guerra Mundial.
Com a entrada dos norte-americanos na guerra, Vargas foi obrigado a tomar uma posição. Ele sabia que o país não sobreviveria sem o apoio econômico dos EUA e dos aliados. Em troca da construção da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), os EUA puderam instalar uma base militar em Natal.
O fato de os brasileiros lutarem na Europa contra as forças nazifascistas criou uma contradição interna no país: o governo de Getulio Vargas também era uma ditadura de características nazifascistas.
O povo começou a exigir mais liberdade. Pressionado, Vargas decretou a anistia aos presos políticos, concedeu liberdade de imprensa, autorizou a volta dos partidos e marcou eleições para o fim de 1945. Ele tinha perdido o apoio das forças mais poderosas.
Em 29 de outubro, os militares cercaram o Palácio da Guanabara e Getulio renunciou. Em dezembro, o general Eurico Gaspar Dutra foi eleito presidente.
A transição (1945-1950)
Quando Vargas iniciou a abertura política, em 1945, aproximou-se dos nacionalistas e da esquerda. Os setores que tinham apoiado a ditadura e que agora queriam a liberalização política não podiam deixar que seus interesses fossem afetados. Por isso, Gaspar Dutra e Góis Monteiro, dois generais que defendiam a abertura ao capital externo, foram os líderes do movimento que tirou o presidente do poder.
Em 1946, o Brasil ganhou nova Constituição, mais democrática. Nesse período, o governo liberou a entrada do capital estrangeiro. As consequências foram desastrosas para o Brasil: em pouco tempo, as reservas acumuladas durante a Segunda Guerra foram reduzidas por causa da importação de produtos supérfluos. Com isso, a dívida externa e a inflação cresceram.
Para conter a crise, Dutra elaborou o Plano SALTE, que visava melhorar a saúde, alimentação, transporte e energia.
Foi nessa época que começou a Guerra Fria. O Brasil aliou-se aos Estados Unidos e cortou relações com a União Soviética.
Qualquer protesto era considerado “agitação de comunista” e era reprimido com violência.
No começo da década de 1950, havia dois grupos que disputavam o controle político: os progressistas, e os conservadores. Vargas foi lançado candidato pela coligação PTB-PSP, tendo sido eleito presidente com 48,6% dos votos. Recebeu o apoio dos dois grupos e isso era um problema, pois, ao assumir um governo que defendia a restrição ao capital estrangeiro e apoio à indústria nacional, Vargas teve de distribuir cargos no ministério para os conservadores, que eram contra essas medidas.
Vargas criou a Petrobras.
Ele precisava do dinheiro norte-americano para os projetos de industrialização.
O jornalista Carlos Lacerda o acusou de ser corrupto e de estar ligado a comunistas.
Sem apoio no Congresso, Vargas cometeu suicídio em 24 de agosto de 1954. Ele deixou uma carta-testamento na qual explicou a razão de sua morte. O povo revoltou-se e os conservadores, com medo da reação popular, adiaram o golpe e concordaram que o vice-presidente Café Filho assumisse o poder.